Variabilidade morfodinâmica temporal e eventos de inundação em um sistema praial com múltiplos bancos
Autor: Elaine Siqueira Goulart (Currículo Lattes)
Resumo
Os ambientes costeiros estão entre os mais energéticas do planeta, onde os processos de modificação do relevo podem ser continuamente observados, como resultado da ação integrada dos processos marinhos (ondas, correntes e marés) atmosféricos (ventos e tempestades) e dos atuantes sobre os continentes. Estes processos envolvem diferentes escalas temporais e espaciais que vão desde segundos a séculos e de milímetros a quilômetros, da turbulência à variabilidade interanual, respectivamente. Com o objetivo de melhor compreender a variabilidade temporal dos bancos arenosos e da linha de praia e paralelamente analisar o comportamento do nível e dos eventos de inundação na praia do Cassino, foram utilizados dados de posição dos bancos e da linha de praia, obtidos de vídeo imagens diárias, ondas incidentes na costa geradas através do modelo SWAN, além de perfis topo batimétricos e batimetrias obtidas no banco de dados do LOG/IO. Foi realizada a análise da variabilidade temporal das posições dos bancos arenosos e da linha de praia, além da influência dos depósitos de lama em tal variabilidade. A análise mostrou que a tendência de migração em direção a offshore domina a variabilidade de todas as feições. Já a presença da lama afetou somente a variabilidade dos bancos nas componentes de curto prazo (semanal e mensal). O comportamento do nível, na praia e na Lagoa dos Patos, e a ocorrência de eventos de inundação e suas características básicas também foram investigadas. Além disso, foi proposta uma classificação para eventos de inundação de acordo com sua amplitude. Foram investigadas também as características dos sistemas meteorológicos associados aos eventos de inundação. Não foi possível utilizar o nível da Lagoa como referência para o nível na praia, pois a resposta às forçantes em cada ambiente difere muito em intensidade. Os eventos de inundação na Praia do Cassino se mostraram altamente ligados às ondas, ventos e gradiente local de pressão, e não apresentaram relação com a maré astronômica. Foram ainda classificados de acordo com a amplitude da inundação em: eventos de pequena (57,5%), média (34%) e grande amplitude (8,5%). Todas as classes foram associadas a ciclones formados nas diversas latitudes, porém os sistemas de cavas foram associados somente a eventos de baixa amplitude, e os anticiclones foram mais presentes nos eventos de média amplitude, associados a ventos de E. Foi apresentada ainda a utilização de uma metodologia que possibilita estimar a batimetria da zona de surfe através da posição dos bancos estimada através das imagens e um exemplo de sua aplicação na questão de alterações morfológicas durante eventos de inundação. A metodologia se mostrou propícia na avaliação de variações morfológicas, mas não apresentou precisão suficiente para investigações relativas às diferenças de volume.